20 de abril de 2008

DÚVIDAS



Não sei como desfazer o riso
A água parada do copo que quedou-se
O amigo que partiu e nem sei se ainda existe
A vida em riste que ainda insiste.

Os paraísos, os jardins, o ar...
Não sei lidar com o mal estar alheio
Não sei acolher o pranto
Perco o equilíbrio e jorro feito água em cachoeira
Quedando-se perdida na imensidão da existência

Não sei lidar com o oxigênio turvo
A me invadir quando o ar me falta
Nem Platão a me explicar o que a voz em mim grita
E enlouquece...
Até que eu perca o fio
E não entenda de mim , dos vivos e dos mortos.

Não sei lidar com o que em mim habita
Hoje sou fera
Ontem a imagem da santa perdida
Noutras sou , de Deus, a preferida.

Meus olhos são poucos pra tanta luz...
Talvez exista mesmo a caverna e a cada vida vivida
Nos seja permitido um pouco da nossa memória
E tudo seja tão simples e fácil
E até nem exista nada fora do de dentro de mim.

Não sei lidar com o profano
Nem com o sagrado
Tudo em mim é multidão de tudo
E de nada
A se fazer serena e desesperada

Numa condução intensa de amor

O processo é longo e inexplicável
E compreender antes que se amadureça
Talvez seja precoce e fatal.

Não sei lidar com as palavras
Será que o verbo se fez essência?

E essa ausência a me embalar...

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